quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

TU, CIDADÃO



Eu era pobre
Eu não tinha teto
Eu não tinha afeto
Eu não tinha escola
Eu não tinha pão.

Dormi jogado em tuas ruas feito bicho:
Sofri a violência das tuas policias
Conheci a injustiça da tua Justiça
Sobrevivi à insuficiência da tua caridade.

Pedi socorro
Deste-me desdém
Pedi respeito
Deste-me omissão.

Um dia
Se alguém mais competente do que tu
Souber guiar-me por caminhos tortuosos
E em lugar do livro
Puser um revolver em minha mão
Em lugar da bola
Der-me um pote de cola pra cheirar
Em lugar do amor
Ensinar-me do ódio a só lição;

Então se nos encontrarmos por aí
Eu talvez te assalte
Eu talvez te agrida
Eu talvez te mate.

(mas não reclames)
quando eu ainda não sabia odiar
tu não me deste razões para te amar.
Como pode se queixar da erva daninha
A mão que irresponsável a semeou?


A PROFECIA DOS SEM RUMO, SEM PRUMO, SEM COLO.

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